O BEM E O MAL
Existirão realmente esses dois opostos, ou trata-se apenas de um mito religioso, como muitos acham? Defender o bem e condenar o mal, é para muita gente um processo de “autoajuda”. Mas há também quem considere uma constante e eterna luta interior, determinante da evolução humana. Enfim, a existência ou não do bem e do mal é uma discussão meramente teórica e interminável.
No entanto, ninguém tem dúvida em considerar maldade colocar o pé na frente do outro, para que tropece e caia, mesmo se o gesto partir de uma criança. E a maldade será por todos considerada bem mais grave, se essa atitude acontecer em nível mental, fazendo o outro “tropeçar” e perder a vez, para com isso levar vantagem. Esse procedimento é explicitamente considerado do mal, em todos os meios sociais e culturais.
Assim também, quando uma pessoa ajuda a outra a se levantar; quando uma criança compartilha com outra o seu brinquedo; ou quando, enfim, alguém age com solidariedade e compaixão, todos dizem que tal pessoa praticou o bem. Inclusive aqueles que negam a existência do bem e do mal.
Portanto, mesmo que neguem, filosoficamente, na prática todos admitem a existência do bem e do mal. O bem leva à felicidade, ao estado de espírito elevado, à sensação de bem-estar, ao sentimento de amor. Em última análise, ao progresso espiritual da humanidade. O mal remete ao ódio, à inveja, à ganância, ao desprezo pelo próximo. Em última análise, à violência e às guerras. Empurra, portanto, a humanidade para a autodestruição.
No decorrer da vida, os seres humanos alternam atitudes do bem e do mal, mas sempre um dos lados é predominante nos pensamentos e ações de cada um. É a soma do bem e do mal praticado por toda a população, nos quatro cantos do mundo, em todos os níveis sociais e em todas as atividades, que traça o caminho da evolução humana. Nessa contabilidade, é certo que algumas atitudes têm peso muito maior do que outras. O dirigente de um país, por exemplo, com poder sobre o destino de todo um povo, certamente terá uma responsabilidade infinitamente maior do que os demais. Pessoas assim podem mudar o destino da humanidade, tanto para o bem, promovendo o progresso social, quanto para o mal, para a desordem e destruição.
Observa-se aí uma questão interessante: alguns dirigentes de nações nasceram e se criaram entre o povo, em berço humilde, enfrentando grandes dificuldades para se aculturar. Outros, ao contrário, nasceram em famílias abastadas, tiveram vida próspera e educação elitista. No entanto, assas diferenças de berço e de educação em nada influem para que o dirigente seja honesto e lute pelo bem do seu povo, ou para que seja um corrupto e traga desgraça ao país. É que os seres humanos trazem de nascença uma índole, boa ou má, predeterminada pelo DNA.
Porém, a educação pode modificar essa índole. Conforme a qualidade da educação ministrada, é possível estimular a índole boa, aumentando a autoconfiança para continuar na trilha do bem, em todas as tarefas que exercer na vida. No caso de uma pessoa com índole má, é possível também que uma boa educação, ministrando conhecimentos sobre fraternidade e amor ao próximo, amenize ou até modifique a sua índole.
Entretanto, esses conhecimentos espirituais, extremamente necessários à sobrevivência do ser humano, não costumam ser transmitidos com a ênfase necessária, nem pelos pais, nem tampouco pelos professores, durante o aprendizado escolar.
Os ensinamentos intelectuais ministrados em todos os níveis de ensino, desprezam e até condenam a educação voltada exclusivamente para o bem. Na verdade, trabalham em sentido oposto, pois são dirigidos para a competência, não para a fraternidade.
Os pais educam os filhos para que estudem e se tornem “vencedores”, competindo com os colegas para serem “alguém na vida”. Em todos os níveis do Ensino, professores formam alunos competentes, para se tornarem bem-sucedidos nas suas futuras profissões. Sucesso financeiro, acima de tudo.
São muito raros os pais e professores que educam predominantemente para o respeito ao próximo e a honestidade a qualquer custo. Muito poucos se orgulham dos filhos por vê-los praticar o bem, por tornarem-se fraternos, solidários e altruístas. O comum é ver pais orgulhosos dos filhos pelas suas conquistas financeiras e materiais.
A vida competitiva e agressiva das sociedades só recompensa a competência, sem aliá-la à honestidade, pois os corruptos competentes são também premiados, desde que saibam esconder suas falcatruas embaixo de ricos tapetes. Para isso, existem advogados também competentes e extremamente habilidosos, que executam com perfeição a tarefa de inocentá-los na Justiça.
A competência desassociada da espiritualidade produz uma enorme e contínua evolução tecnológica no mundo, como uma gigantesca bola de neve, que vai robotizando todas as atividades humanas, sempre a serviço do egoísmo, ou seja, a serviço do mal. Nesse processo, o espaço para o bem, para a fraternidade e a cooperação desinteressada entre os indivíduos é cada vez menor.
Em consequência, os grandes setores produtivos – a indústria e o comércio –, lutam para serem cada vez mais competitivos. Nessa competição desenfreada, a desonestidade tornou-se fato corriqueiro. O público deixa de ser visto como pessoas humanas e passa a ser formado por meros consumidores. É lícito, portanto, enganá-los através de vultosos investimentos na mídia, impondo modismos e hábitos desnecessários, para convencê-los a consumir de tudo, inclusive o que não precisam, e até o que lhes é nocivo. Despertam, com mensagens publicitárias cativantes, a inveja e a cobiça, enquanto lhes tira o dinheiro aos poucos, em suaves prestações, e enriquecem à vista, a cada dia. É a prática do mal, em todo o seu esplendor.
Os veículos de comunicação elaboram sua linguagem e programação, orientados por pesquisas que determinam as preferências do público. E o púbico só escolhe entre o que lhe é oferecido: sexo e violência. Assim, a programação e os destaques jornalísticos giram em torno de tragédias e crimes, num círculo vicioso do mal, praticado por uma imprensa que visa exclusivamente o lucro financeiro, esquivando-se da responsabilidade na formação moral do público que assiste seus programas.
Todos sabem que as notícias positivas sobre práticas do bem causam benefícios às mentes do público, enquanto as notícias de violência estimulam as mentes afins, ajudando a aumentar a criminalidade no mundo. Sabe-se disso, e mesmo assim o mal é estimulado continuamente pela imprensa.
Por outro lado, oculta e isoladamente, muitas coisas boas vão acontecendo, só transmitidas através das redes sociais. Como um médico brasileiro que conseguiu frear e reverter a doença de Alzheimer em um paciente de 77 anos; um dono de lojas que deu abrigo a 400 vítimas de uma enchente, usando os móveis do mostruário de sua loja; dezenas de pessoas, com água quase até o pescoço, que deram-se as mãos formando uma corda humana, para resgatar um idoso que estava sendo levado pela correnteza; um político que doa suas mordomias para á Saúde pública e vai para o trabalho de bicicleta. Quatro fatos que representam o bem, divulgados somente na internet, mas que deveriam ser destaques nos telejornais de todas as emissoras, ajudado a conscientizar a sociedade da responsabilidade que todos possuímos em relação à humanidade e ao mundo.
Uma mídia que comentasse assuntos dessa natureza e exaltasse esses heróis, estaria estimulando os jovens a trocarem a prioridade de “vencerem na vida” a qualquer custo, pelo ideal de se tornarem pessoas do bem, colaboradoras, fraternas e altruístas, pois a forma mais eficaz de educar o povo é o exemplo.
O viver neste mundo somente será um paraíso, como sonhou Meishu-Sama, patrono dos messiânicos, quando o bem existente nos corações e nas mentes humanas crescer e se tornar mais atuante do que o mal.
O viver neste mundo somente será um paraíso, como sonhou Meishu-Sama, patrono dos messiânicos, quando o bem existente nos corações e nas mentes humanas crescer e se tornar mais atuante do que o mal.
sendino.claudio@gmail.com
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