A mola do progresso
Em qualquer época da existência humana, o poder sedimentou-se no ouro. O dinheiro sempre foi a mola do progresso, sobretudo do progresso científico tecnológico. O estudo dos astros, a descoberta do átomo e sua manipulação, a revolução industrial, a recente invenção do computador e seus derivados, a telefonia celular, todos esses “progressos da humanidade”, só foram financiados, porque vislumbravam um retorno lucrativo.
Como é bem sabido, na Idade Média, com o domínio absoluto do clero, a Ciência era rigidamente baseada nas escrituras sagradas, e quem ousasse contrariar esses princípios, observando a realidade e dela tirando conclusões, era considerado herege, afastado ou condenado à morte, estagnando assim a cultura e o saber por longo tempo.
A contestação de Galileu ao sistema astrológico de Copérnico, adotado pelo poder religioso, somente se tornou conhecida, porque seu livro Diálogo acabou vazando da Itália e chagando ao resto do mundo, ainda que a Inquisição tenha proibido a obra e confinado o autor em prisão domiciliar, até o fim de sua vida. Talvez esse fato seja o marco inicial, o embrião da afirmação científica, que se efetivou com as leis da Física, enunciadas por Newton e aceitas até hoje.
Pouco a pouco, os conhecimentos baseados em experiências comprovadas acabaram se impondo aos conceitos científicos/religiosos medievais, mas essa evolução certamente não se deu por terem os donos do poder se tornado altruístas, amantes da Ciência, e desejassem um mundo melhor. Jamais teriam essa grandeza, pois até hoje eles só visam ampliar o seu domínio, em todas as atitudes, e só aprovam o que lhes traz lucro. Vê-se isso quando cientistas se cansam de alertar sobre a ameaça que representa para o planeta a quebra de ecossistemas, a exterminação de algumas espécies da fauna, o perigo das explosões nucleares e das brechas na camada de ozônio, enquanto os empresários e governantes simplesmente não lhes dão ouvidos.
O que teria então sensibilizado papas, reis e, mais tarde, dirigentes e empresários, para que consentissem e até financiassem as experiências e pesquisas que permitiram a evolução científica? A razão principal certamente foi a perspectiva do lucro que tais descobertas poderiam gerar no futuro. Acertadamente, pois o enorme avanço tecnológico que veio depois rendeu fortunas para os que o bancaram, atualmente detentores do poder mundial. As grandes invenções, a explosão industrial do século XVIII e, sobretudo, o desenvolvimento de sofisticadas e mortíferas armas, a começar pela bomba nuclear, aumentou enormemente o poder de dominação das grandes potências.
Reparem que a inteligência humana sempre foi orientada, principalmente, para a tecnologia, que produz as lucrativas maravilhas modernas. Assim, o raciocínio lógico, que funciona através de conhecimento acumulado e dedução, é a forma de inteligência cultivada oficialmente. As demais faculdades da inteligência, como a intuição, a premunição, a telepatia e outras, permaneceram até hoje quase desconhecidas. Essas faculdades supranormais, rotineiramente praticadas pelos alquimistas da Idade Média eram chamadas de “bruxaria” e consideradas hereges, pois contrariavam os textos sagrados. Mais tarde seriam rotuladas pejorativamente, pelos cientistas, de “misticismo barato”.
Os “bruxos” e “bruxas” medievais foram perseguidos e quase exterminados. Através dos séculos, acabaram ridicularizados, transformados em vilões de contos infantis, representados com rostos encarquilhados, de nariz pontudo e cabelos desgrenhados, voando em vassouras ou preparando misturas sinistras em grandes caldeirões.
Apesar dessa verdadeira campanha desmoralizante, a sabedoria dos bruxos e alquimistas acabou sobrevivendo aos séculos, da única maneira possível, isso é, por baixo do manto do conhecimento científico. Sem o interesse dos empresários em financiar perquisas científicas sobre o assunto, toda essa sabedoria foi negada pela Ciência.
A evolução da Medicina faz parte desse roldão, pois o seu progresso passa pelo filtro do lucro da indústria farmacêutica, que, por esse motivo, não se interessa pela saúde de populações sem poder aquisitivo, como a dos povos africanos, e retarda pesquisas para a cura de doenças, quando o prolongamento delas for mais rentável.
As religiões dominantes seguem caminho parecido. Impermeáveis ao avanço científico, continuam impondo seus dogmas, adotando a mesma interpretação medieval dos textos sagrados, mantendo os fieis ignorantes, dominados, e as igrejas abastardas com seus donativos. Verdadeiros impérios religiosos, que enriquecem a cada dia, são construídos dessa forma, com seus chefes dizendo-se representantes de Deus e agindo como gananciosos empresários.
Mas como o mundo dá muitas voltas, surgiu a Física Quântica, contestando alguns postulados científicos tradicionais, observando fenômenos antes negligenciados pelos cientistas ortodoxos. Foi a porta para a Ciência entrar na área do conhecimento com o qual lidavam, na prática, os magos ou bruxos do passado, galgando assim um novo degrau.
Acontece que a Física Quântica também promete um grande salto no desenvolvimento tecnológico. Previsões, mesmo que remotas, de tornar realidade o que somente existia em ficção, como automóveis e trens flutuando acima do solo, a invisibilidade, pessoas desaparecendo num lugar e reaparecendo noutro, encheram os olhos dos grandes industriais, que então puderam sonhar em fabricar produtos revolucionários, monopolizar o mercado e abarrotar os cofres de suas indústrias.
E o mais importante: dirigentes de nações passaram a delirar com a possibilidade de armas disparadas através do pensamento e alguns outros extremamente sofisticados e terríveis armamentos, que já estão sendo testados e tornarão seus impérios ainda mais poderosos.
Sem dúvida, isso é o que mais interessa ao poder vigente. A cobiça pelo lucro e pelo poder é que permite o estímulo cada vez maior às pesquisas científicas.
A mente do ser humano é essencialmente a mesma, desde o início da humanidade: egoísta e dominadora, obcecada pelo dinheiro. Por isso, a sua inteligência desenvolveu-se quase que exclusivamente no campo da técnica e da lógica, já que não foi capaz ainda de se tornar altruísta e dedicada ao próximo. Até hoje, qualquer progresso só é possível se gerar lucro. Será isso um progresso?
O reverso da moeda
Cientistas quânticos perceberam que na relação entre partículas, uma delas influencia instantaneamente a outra, não importando a distância entre elas. O que torna perfeitamente admissível a comunicação entre cérebros, e já existem experiências científicas de telepatia, com resultados positivos.
É lícito, portanto, supor o que seria o mundo de hoje, caso o conhecimento dos bruxos e alquimistas da Idade Média tivesse se desenvolvido e alastrado, livre e espontaneamente, sem a barreira dos poderosos.
O uso de alguns sentidos, atualmente quase inexplorados, muito provavelmente se tornaria normal e corriqueiro. Por exemplo, a capacidade de nos comunicar com outras pessoas através do pensamento – a Telepatia. Com essa faculdade plenamente desenvolvida, quem sabe todos atualmente pudessem trocar mensagens sem necessidade de aparelhos eletrônicos. E de graça, para o terror das empresas de telefonia!
Na comunicação telepática, os sentimentos são transparentes, evidenciando qualquer falsidade, hipocrisia, desonestidade ou “segunda intenção”. Como acontece entre os animais, aos quais chamamos de irracionais.
O desenvolvimento da Medicina não dependeria mais da ganância das indústrias. Provavelmente o poder supranormal de curar através de ondas mentais fosse exercido normalmente. Tal poder, estudado e desenvolvido mais profundamente em universidades, faria parte do currículo médico, para necessidades especiais ou cirúrgicas.
O pleno desenvolvimento das faculdades mentais ainda ocultas, poderia resultar numa mutação do cérebro humano, extinguindo em toda a espécie a agressividade, a ganância, e consequentemente a competição, tornando os indivíduos colaboradores e fraternos.
Certamente que uma evolução dessa natureza não será permitida, enquanto o dinheiro for a grande meta, a mola do progresso humano
sendino.claudio@gmail.com
Um comentário:
Muiiiiiito boa esta postagem. Coincidentemente acabei de ler A virada de Stephen Greenblatt, que conta a história de um caçador de livros antigos em em 1417 salva da extinção o texto De rerum natura "Sobre a natureza das coisas" de Lucrécio, esquecido durante séculos, que influenciaria o pensamento dos principais responsáveis por nossa percepção de mundo moderno - de Galileu a Darwin, de Maquiavel a Thomas Jefferso, de Shakespeare a Freud.
Parabéns, Sendino, pelo ótimo artigo.
Luiz Antonio (Toni)
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