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sábado, 6 de janeiro de 2018

1. ARTIGO • O Universo interno





O Universo interno

Muito se ouve dizer que o ser humano é uma centelha divina. De fato, somos todos minúsculas partes do Universo, ou partes de Deus, pois nossas mentes são fragmentos da energia universal. Assim sendo, ao conseguirmos deixar a mente atuar livre e tranquilamente, ela perceberá em si mesma os movimentos do Universo interno. Ele nos ensina a navegar pelos mares da vida, dando respostas à profundas indagações existenciais. As conclusões trazidas ao consciente serão lições capazes de nos orientar em qualquer situação. 
Não se trata, é claro, de um Universo com estrelas, planetas e galáxias. Mas de uma observação direta da atuação das leis de Deus, ou seja, das leis universais que regem as coisas e os seres. Como o conhecido ensinamento do Mestre Jesus: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, que revela uma lei da Física mais tarde enunciada por Newton: “Quando um corpo exerce uma força sobre outro, este reage ao primeiro com uma força de mesma intensidade, mas de sentido contrário.” A religião une-se à Ciência, ao percebemos que esta lei não é exercida somente sobre os corpos físicos, mas também sobre os pensamentos, emoções e intenções. É esse o Universo que se vê atuar internamente.
Os seres humanos, de certa forma são bem semelhantes: os corpos, formados pelos mesmos órgãos e comandados pelo cérebro; todos são sensíveis às dores e aos prazeres, e por isso o cérebro tenta se afastar das dores, buscando prazeres de todo tipo.
Ao mesmo tempo, os humanos são também muito diferentes: nas vocações, na índole, no caráter, e ainda nos seus corpos, que possuem diferenças de etnia, de altura, volume e muitas outras.
Essas diferenças, juntamente com as experiências obtidas através dos sofrimentos e prazeres vividos, formam a personalidade de cada um. É ela que comanda o indivíduo, durante o tempo que ele permitir. A personalidade também cria e alimenta os preconceitos e estabelece as grandes diferenças e antagonismos entre os seres humanos. Por conta dessas divergências múltiplas entre as personalidades humanas, surgem os conflitos sociais e as guerras.
A personalidade não consegue perceber os movimentos do Universo interno, porque toda sua atenção é voltada para si mesma. Ela pode dominar a mente, e quando isso acontece a pessoa torna-se totalmente egoísta. Há filósofos que defendem essa maneira de ser, achando que a personalidade é tudo, que deve-se cultivar a sua total liberdade.
A personalidade egocêntrica dominante serve-se de todos os conhecimentos intelectuais adquiridos para justificar seus atos, mesmo os insanos, que vão desde a devoção total aos prazeres do corpo, até o fanatismo, político ou religioso.
Quando a personalidade incorpora fanaticamente uma tendência política, leva o indivíduo a cometer grandes atrocidades, completamente impermeável ao sofrimento de quem defende a linha contrária. Quando o fanatismo é religioso, torna-o capaz de atos não menos deploráveis, desde açoitar o próprio corpo, sacrificar a própria vida, até assassinar multidões em nome de Deus, acreditando egoistamente que será recompensado com o paraíso eterno.
A personalidade costuma dominar a mente, mas também pode ser dominada por ela. À medida em que a mente consegue se livrar do domínio da personalidade, o indivíduo vai-se tornando mais compreensivo e fraterno com seus semelhantes. No momento em que a mente se vê inteiramente livre da personalidade, vislumbra nitidamente seu Universo interno. Pode então comprovar a veracidade de certos ensinamentos de Mestres religiosos, estabelecendo comparações com leis científicas.
 Mente e personalidade são independentes. Na verdade, quase opostas. Ao contrário da personalidade, que só pensa em si, a mente é capaz de perceber claramente que todos nós, seres humanos, estamos interligados. Ao pensarmos firmemente em outra pessoa, seja qual for a distância física entre nós, é possível que se estabeleça com essa pessoa uma relação energética de ida e volta, instantaneamente. Se a outra pessoa estiver com a mente tranquila, receptiva, receberá o nosso pensamento, geralmente como uma sensação – boa ou má. Essa recepção poderá ser processada e devolvida, numa troca energética que perdura até que um de nós distraia a mente com outro assunto.
É igualmente importante lembrar que a prática do bem, mesmo em situações banais, produz em quem o praticou, uma sensação de felicidade proporcional ao bem praticado. Qualquer pessoa é capaz de perceber, por exemplo, ao dirigir no trânsito, que uma simples gentileza ao motorista do outro veículo e o leve buzinar do outro, agradecendo, lhe traz uma sensação prazerosa. Ou então, ao indicar o caminho a uma pessoa que está perdida, o seu sorriso de agradecimento lhe causa também a mesma sensação feliz.
A essas pequenas “ondas” de felicidade, tão banais que geralmente passam despercebidas, só a mente livre e atenta sabe dar a importância devida. São bons exemplos do Universo interno transmitindo sutilmente um útil aprendizado: fazer ou desejar bem ou mal a outro, mesmo que num gesto simples, é o mesmo que fazer a si próprio.
Isso nos leva a outro fenômeno importante: a energia (tanto positiva quanto negativa) gerada pelo pensamento ou desejo, contamina também o corpo de quem a produz, causando males ou benefícios às células, e por consequência, a todo o organismo. Tal fenômeno já é aceito pela Medicina moderna, sendo considerado principalmente no acompanhamento de gestantes.
Todos os humanos são capazes de perceber em si próprios, através de suas mentes, o movimento interno do Universo, mas Infelizmente apenas a minoria se dispõe a enxergar além de sua personalidade egocêntrica, entretida unicamente na busca de prazeres e de afirmação pessoal.
Anular de forma total e definitiva a personalidade, até que é possível, mas em toda a história humana foram raríssimas as pessoas que conseguiram essa façanha. Tais pessoas são chamadas de Mestres, que ficaram conhecidos por terem-se dedicado de corpo e alma ao bem da humanidade.
Em nosso caminho evolutivo espiritual, ou seja, na ascensão ao domínio da mente sobre a personalidade, cada um de nós está num degrau de uma escada infinita. É comum atravessamos fases, nas quais temos vislumbres do nosso Universo interno, intercaladas de períodos confusos de escuridão, quando a personalidade volta a exercer seu domínio egoísta.
Os atos praticados durante uma fase e outra, como é de se esperar, repercutem mais tarde no desenrolar da vida, causando prejuízos ou benefícios. A predominância de pensamentos positivos ou negativos na mente e as consequentes ações que praticamos, determinam o grau de felicidade ou de infelicidade em nossas vidas. Vão construindo e modificando constantemente o nosso destino: o que vivemos no presente é sempre consequência de nossas ações e pensamentos do passado.


sendino.claudio@gmail.com

Um comentário:

Domingos C Branco disse...

Estimado amigo Sendino
Gostei muito deste texto por você abordar o conflito permanente entre a personalidade e a mente. De fato, dessa interação resulta o comportamento do ser humano, sendo muito importante que a mente prevaleça, assegurando um convívio afável em suas relações com as demais pessoas. Isto é particularmente importante em períodos ou situações de elevada tensão, como está ocorrendo com o nosso Brasil e com o mundo.
Tenho esperanças de que isso tudo tome um rumo melhor e mais seguro. Vamos perseverar...
Um grande abraço
Domingos