O QUE EU IRIA PENSAR DE MIM?
Considerações
pessoais sobre a
honestidade
pessoais sobre a
honestidade
Desde os primeiros anos de vida ouvimos falar em honestidade. Exaltá-la faz parte da cultura de todas as sociedades. Criou-se um consenso mundial de que ela deva compor o caráter das pessoas, e por isso todos se dizem honestos, incluindo os condenados por roubo e corrupção, que sempre têm uma justificativa para o crime cometido. Portanto, esse consenso mundial não é suficiente para tornar ninguém honesto.
Muitos acham que honestidade é somente o respeito às leis. Mas tampouco isso é prova de honestidade. Hábeis corruptos aprendem a praticar seus crimes por entre as brechas das leis, e além disso, existem muitos advogados exímios em defender criminosos, desde que tenham dinheiro suficiente para pagar os honorários.
Por outro lado, as religiões incluem a compaixão e a honestidade como virtudes necessárias aos fiéis. Mas ser devoto fervoroso também não torna ninguém honesto. Os fiéis geralmente mostram-se bondosos e amorosos no interior do templo, durante os atos religiosos, mas no dia a dia agem conforme o nível de consciência que possuem. Quando corruptos, deixam de lado a religião, praticam seus crimes e depois voltam para suas igrejas, sorridentes, certos de que serão devidamente abençoados por Deus.
O que será então honestidade?
Não há dúvida de que ela também inclui o respeito às leis: não roubar nem matar, pois desses dois crimes derivam-se praticamente todos os outros. Matam-se e roubam-se animais, pessoas, ideias, ideais, esperanças e até sonhos. Qualquer delito que imaginemos será, em última análise, um desdobramento do roubo ou assassinato. O estelionato, por exemplo, a rigor é também um roubo, pois quem o pratica se apropria do que não lhe pertence. Mas o conceito de honestidade vai mais além, abrange o cumprimento de todos os compromissos assumidos, tanto documentados quanto verbais.
A honestidade não pode ser imposta nem ensinada através de leis ou de teorias filosóficas. Não é uma atitude legal, política, nem tampouco religiosa. Está enraizada no terreno mais profundo da individualidade humana.
Só existe uma maneira de ensiná-la: através do exemplo. Principalmente às crianças, pois suas mentes, ávidas de aprendizado, observam atentamente os mais velhos. Quando a criança possui uma boa índole, torna-se capaz de assimilar a essência da honestidade, ao ver seus pais nas pequenas atitudes do dia a dia. Seja no devolver o troco que recebeu a mais, ou no cumprir as leis do trânsito ao dirigir. Esses pequenos gestos de honestidade do pai ou da mãe são assimilados com orgulho pelo filho, que assim os vai incorporando à formação do seu caráter.
Mas não são apenas crianças que aprendem com exemplos. Há também inúmeras pessoas que assimilam a essência da honestidade ao assistirem a fatos marcantes e contundentes.
Foi o que aconteceu durante uma prova de atletismo –, a Cross Country de Burlada, em Navarra, na Espanha. O atleta espanhol Ivan Fernández Anaya, de 24 anos, corria em segundo lugar, quando viu o queniano Abel Mutai, que estava em primeiro e a 10 metros de vencer a corrida, desacelerar e quase parar, julgando ter cruzado a linha de chegada. Ivan Fernández aproximou-se e, em vez de ultrapassá-lo, alertou o líder sobre o equívoco e, mantendo-se atrás dele, o conduziu gentilmente para confirmar a vitória.
O público o aplaudiu delirantemente pelo gesto. E quando um repórter lhe perguntou por que não o ultrapassou e venceu a corrida, respondeu: “O que eu iria pensar de mim?”
Com essa atitude exemplar, o atleta espanhol não apenas demonstrou honestidade, mas também solidariedade. Muitos se emocionaram a tal ponto que o exemplo ficou marcado em suas almas. Para esses, foi uma verdadeira lição, um aprendizado para o resto da vida.
É importante ressaltar que, se o corredor espanhol tivesse passado a frente do queniano e ganho a prova, teria sido uma atitude absolutamente legal. Nada o impediria de receber a medalha de ouro.
Isso demonstra que a honestidade não é só uma questão legal. É sobretudo o ato de considerar o próximo um ser tão valioso quanto nós. E como consequência, tratá-lo com a mesma consideração com que gostaríamos de ser tratados: compreendendo e aceitando seus sentimentos, sem nos apossarmos de seu sonho ou impedirmos que ele se realize, para levarmos vantagem. Ainda que agindo dentro da legalidade.
Infelizmente, os veículos de comunicação, que bem poderiam prestar um grande serviço à humanidade dando destaque a exemplos desse tipo, fazem justamente o oposto: divulgam maciçamente crimes e corrupção, tornando-se mais geradores de criminalidade do que de honestidade e paz.
A pessoa honesta não faz esforço algum para ser. É, de forma natural e espontânea, mesmo à custa de prejuízos pessoais. A ganância não a seduz, pois já sabe que tanto faz desviar dinheiro dos cofres públicos, quanto passar à frente dos outros sem merecer. Não importa a circunstância, e muito menos a crença religiosa ou política.
Quando alguém possui o caráter verdadeiramente honesto, antes de tomar decisões importantes, sempre se questiona: “O que eu iria pensar de mim?””
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Um comentário:
Que texto lindo, que lição de vida tão bem explicado. Como eu te desejo saúde e felicidade, muita paz e harmonia. Que Deus te abençoe.
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