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sexta-feira, 3 de maio de 2019

1 • ARTIGO • O Profeta Gentileza



O PROFETA GENTILEZA
Há muitos anos, no Centro do Rio de Janeiro, um homem andava pelas ruas carregando nas mãos, à semelhança do profeta Moisés, tábuas cheias de inscrições. Exibia essas tábuas insistentemente aos transeuntes e aos passageiros que subiam e desciam dos ônibus, lendo em voz alta as inscrições. Esse homem vivera uma grande tragédia, ao perder sua família no incêndio de um circo, em Niterói. Todos o consideravam um desequilibrado mental.
     Era de se esperar, portanto, que fosse esquecido em pouco tempo, porém acabou se tornando tão conhecido na época, que até hoje muita gente se lembra dele. Inicialmente o chamavam de “Gentileza” mas depois foi batizado de “Profeta Gentileza”. A sua fama se alastrou rapidamente por toda a cidade e até mesmo por outras distantes, através dos turistas vindos de vários estados do país. Após a sua morte, em maio de 1996, painéis contendo suas inscrições, muitas delas confusas e sem nexo, foram afixados em vários locais da cidade. 
O que teria provocado tamanho alarde?  
A resposta está contida numa frase, talvez a única coerente e constante em todos os seus sermões. Ele a repetia, diariamente, para milhares de pessoas: “Gentileza gera gentileza”
Não é um dogma religioso, nem um princípio moralista, tampouco um jargão político. Somente uma frase, curta e simples, com três palavras apenas. Mas se atentarmos bem, veremos que esta frase contêm uma profunda verdade. Significa, no fundo, que fazer o bem atrai o bem como resposta.
Por essa razão, tais palavras atingiram o coração de todos. Ainda que ninguém se desse conta, quem as ouvia uma vez, jamais esquecia. Em pouco tempo, nos quatro cantos da cidade, pessoas que viram ou ouviram falar do Gentileza, comentavam sobre ele, umas com as outras. Sua frase “Gentileza gera gentileza” virou expressão popular. 
Tal fenômeno não aconteceu por acaso.  
O mundo é formado por sociedades extremamente competitivas, onde os homens, mulheres e até mesmo as crianças tornam-se cada vez mais agressivos e maldosos, cheios de pensamentos e emoções de rancor, inveja, desconfiança e medo, que acabam gerando novos pensamentos de igual teor. 
Nem mesmo as religiões, que pregam o amor, a caridade e a paz, conseguiram libertar seus fieis nem a si próprias da forma competitiva de viver, pois cada uma se considera a verdadeira dona da verdade, e todas competem entre si. Esse sentimento é transmitido aos fiéis, que em vez de desenvolverem o amor ao próximo e à humanidade, como orientam suas escrituras sagradas, cultivam ainda mais a ganância e a prepotência. O resultado dessa generalizada educação competitiva é a violência nas sociedades.
Para combater a violência e promover a paz, muitos acham que basta divulgar a palavra “paz”, de todas as formas possíveis, mas isso de nada adianta. É muito difícil encontrar-se uma mensagem realmente pacifista. O lema do movimento Hippie, “Faça amor, não faça guerra”, remete mais ao sexo do que à paz fraterna. E o conhecido jargão “Violência gera violência”, fala em violência, não em paz. 
A paz é um estado recíproco de fraternidade, consequência da troca permanente de gentilezas entre todos. Logo, quando alguém, com três palavras, conseguiu comunicar uma real mensagem de paz, era mesmo de se esperar que essa frase ficasse famosa. 
Gentileza gera gentileza é a síntese de uma verdade óbvia, reconhecida por todos como sendo positiva e benéfica às mentes. Quando se faz uma gentileza, junto com ela vai uma afetuosa vibração mental, assimilada de forma consciente ou não, mas que gera uma resposta igualmente afetiva. A gentileza carrega consigo a solidariedade. É uma espécie de tratado de paz entre as pessoas. É uma discreta e elegante declaração de amor.  
Por isso esta homenagem ao nosso “Profeta Gentileza”, que faleceu aos 79 anos, em 28 de maio de 1996. Ele prestou um real serviço à humanidade, pois suas palavras, de tão verdadeiras, foram capazes de ultrapassar a densa barreira da competição humana e alojar-se em inúmeros corações. Muita gente compreendeu, não com o intelecto, mas com o coração, o significado dessa frase; e se tornou mais mais fraterna com seus semelhantes. 
É muito bom para a saúde mental repetir sempre que possível: “Gentileza gera gentileza”.

Envie sua opinião. Será muito bem-vinda.
sendino.claudio@gmail.com

2 • HISTÓRIAS DAS COISAS • O mega espetáculo


História 21
O mega espetáculo

(Continuação de As ideias são azuis)

O Café da Manhã é um grande espetáculo que engloba vários eventos, uns muito concorridos, outros quase desconhecidos. O Pó no Coador, por exemplo, é uma tarefa pouquíssimo conhecida, pois acontece quase sempre antes do público entrar no estádio. Somente uns poucos expectadores que conseguem chegar a tempo podem assistir, e sempre aplaudem as três batidas da Conchinha de Medida no Pote de Café, avisando que vai lançar o pó no coador.  
Complementando o Pó no Coador vem o Derrame da Água, que consiste na chaleira despejando água fervendo no coador. É outro espetáculo interessante, igualmente assistido só pelos primeiros que chegam. Inicia com a demorada dobragem do Pano de Prato, para dar segurança à pegada da chaleira quente. Em seguida, a dupla derrama a água fervendo no coador, com uma técnica apuradíssima, sem respingar uma gota sequer, o que vale um elogio do locutor através dos alto-falantes do estádio: “Foi perfeito! Dez com louvor! Parabéééééns! (alongando o parabéns.)”
Essas são tarefas ainda desconhecidas do grande público, mas que sempre empolgam as poucas pessoas que conseguem chegar ao estádio a tempo de assistir. Por isso mesmo a Diretoria está avaliando a possibilidade de colocá-las entre os eventos cobertos pela mídia e transmitidos ao vivo pelas TVs.
O primeiro evento realizado com a casa cheia é o mais antigo e famoso de todos: o Torneio de Tirinhas. Esse espetáculo vinha perdendo público, até que foi instituída a modalidade Sub-20, com o limite máximo de 20 tirinhas, decisão que acertou em cheio o gosto popular e fez o torneio reviver os áureos tempos de sucesso, com casa lotada. 
A vinda do facãozinho Serra Azul contribuiu para isso. Após as mortes trágicas e seguidas do facão Rebite Dourado e da faquinha Azul, o pequeno facão viu-se sozinho com seu mestre e protetor Rebite Prata, na missão de tocar em frente o torneio. Serra Azul demonstrou, desde o princípio, nítida dificuldade em lidar com queijos, pois sua lâmina curta muitas vezes era menor que a lateral do queijo, e ele inevitavelmante vacilava no corte. Todos esperavam que com o tempo ele adquirisse a habilidade necessária, pois no corte das tirinhas era um verdadeiro craque. Mas tal não aconteceu. Apesar de atualmente ser considerado um profissional experiente, Serra Azul só conseguiu se firmar por ser um excelente cortador de tirinhas, mas no manejo do queijo até hoje vacila. 
O público, entretanto, o aceitou assim mesmo, e suas apresentações são sempre muito aplaudidas. Por vezes ovacionadas, tal a habilidade em lidar com detalhes, ao recompor as migalhas de pão e pedacinhos de queijo que se soltam. Em resumo, o Torneio de Tirinhas atravessa uma fase próspera, de grande sucesso.
O segundo evento importante, que acontece em seguida, é o Amassamento de Bananas, que empolga mais a cada dia. Os garfos e as colheres já têm seus parceiros preferidos; os garfos são muito aplaudidos pelo verdadeiro balé que executam ao amassar, e as colheres pela habilidade em formar camadas uniformes de farinha de aveia e, depois, de granola. Todos se divertem com o mau-humor do Pote de Farinha, que vive criticando a colher pelo esbanjamento de sua farinha, e como protesto, ranzinza, não se fecha direito. Mas o aplaudem nas raras vezes em que ele aprova o desempenho da colher, e fecha-se normalmente.
O terceiro evento, que em tempos idos não era sequer considerado, agora atrai grande público, tendo sempre a casa lotada: é a Pegada de Tirinhas.
Depois que sai do forno, a bandeja com as tirinhas é colocada na pia pela Toalha de Plantão, uma toalhinha que se dobra estrategicamente até formar uma faixa comprida. Ela já se tornou conhecida do público, por sua habilidade e simpatia. O público aplaude quando ela coloca a bandeja quente na pia previamente molhada, fazendo um chiado que todos se calam para ouvir. 
Entra então em cena o Grande Pegador, recebido amavelmente pelo prato onde serão postas as tirinhas. É notória a amizade que se formou entre os dois, pois o Pegador chega sorrindo ao prato, para ser levado por ele até bem perto das tirinhas dispostas na bandeja. 
O Pegador inicia então sua tarefa, cada dia com mais perfeição. Apesar de ser de metal, grande e abrutalhado, é capaz de pegar com extrema delicadeza cada tirinha da bandeja e transportá-la até o prato. O que mais empolga o público é a sua habilidade em pegar os fragmentos de pão e queijo que se soltam de uma ou outra tirinha, e colocá-los novamente no lugar. A ajuda do prato nesses momentos é notória, aproximando-se bastante para facilitar a ação do Pegador. Sempre explodem aplausos do público, e com razão, pois é quase incompreensível como um objeto com aparência tão abrutalhada atua com tanta delicadeza.
No final, através dos alto-falantes do estádio, novamente entra o locutor: “Perfeito! Absolutamente perfeito em todos os movimentos! Dez com louvor!” – E para encerrar, alonga-se no “Parabéééééééns!!!!”
Os últimos eventos do Café da Manhã acontecem nas Arenas do Consumo, onde as notas do Amassamento de Bananas e do Torneio de Tirinhas são anunciadas no grande telão do estádio. O Café da Manhã é realmente um majestoso espetáculo, em constante transformação, sempre projetando novos ídolos do público.

Mande sua opinião, ela será muito bem-vinda.

Envie para:
sendino.claudio@gmail.com 

3 • HUMOR & CARTUNS • Assédio alcoólico-sexual

ANEDOTAS POPULARES – Livro de Sendino (Claudio Sendin) com anedotas contadas em forma de quadrinhos.  O prefácio é do cronista Sérgio Cabral:   
  
“… Agora, com este livro, Claudio Sendin descobriu o óbvio. 
….A história do desenho de humor no Brasil é secular e revelou artistas fantásticos, iguais aos melhores que o mundo já produziu. Como não ocorreu a nenhum deles fazer um livro na base das anedotas? Afinal, a anedota é uma das marcas mais fortes do comportamento do brasileiro. A grande vantagem que este Anedotas Populares leva sobre a piada contada é que ela não se esgota na narração: o leitor poderá divertir-se com a conclusão e, depois, com cada detalhe do desenho.
    Não há dúvida: Claudio Sendin descobriu a pólvora. Ou melhor: o óbvio ululante.”


ANEDOTA 2: Assédio alcoólico-sexual.




4 • ELES SÃO UNS GATOS! • Miguelito & Ritinha


Como os outros gatos da casa, eles foram castrados, 
o que não impede de serem apaixonados. Às vezes passam horas lado a lado, deitados nas cadeiras da varanda.

Quando Miguelito dá suas saídas noturnas, Ritinha fica indócil, atenta, até perceber sua aproximação. Quer vê-lo chegar, triunfante, de volta para o jardim.

Aí os dois se olham, felizes, e se esquecem do tempo.   


Em outros momentos, se agarram e se lambem freneticamente. Inclusive com direito a mordidinhas de amor e gritinhos: “Você está me machucando!”

Depois se acalmam novamente e voltam a deitar juntinhos, durante horas.

Romântico demais…








5 • TEMAS DIVERSOS • Odontologia em cartuns


Símbolo de Odontologia. 
Para o Conselho Federal de Odontologia





Cartuns criados para ilustrar a seção Em Foco 
no Jornal do CFO – Conselho Federal de Odontologia:






6 • INFORMAÇÕES PROFISSIONAIS • Sendino

SENDINO
(Claudio Fabiano de Barros Sendin)

• Diretor de arte publicitário, trabalhou em Criação, nas principais agências do Rio de Janeiro, de São Paulo, e num estúdio de publicidade em Barcelona. 
Durante essa fase, participou da criação de campanhas publicitárias para muitas empresas e instituições importantes, entre elas: Volkswagen, Vasp, Gillette, Coca-Cola, Banco do Brasil, Petrobras, Merrel (Cepacol), Fleischmann Royal, Bradesco Seguros, Prefeitura do Rio de Janeiro. 
Algumas dessas campanhas e peças isoladas receberam medalhas de ouro, prata e bronze, no Prêmio Colunistas.

• Cartunista publicitário, criou personagens bem-sucedidos para publicidade, como Bond Boca, da Cepacol, em parceria com o redator Alexandre Machado, e o Bocão, da Fleischmann Royal, em parceria com a equipe de marketing da Norton. Criou todos os cartuns da campanha Minimania, para a Coca-Cola e Bob’s.

• Cartunista editorial, ilustrou muitas matérias e criou uma capa na revista Domingo (do antigo Jornal do Brasil). Na revista Veja Rio, criou 16 capas, muitas ilustrações de matérias, e ilustrou com charges as crônicas do crítico musical Sérgio Cabral, durante mais de 5 anos. Para o jornal O Globo, criou muitas capas para os Cadernos Vestibular

• Diretor de arte editorial, fez os projetos gráficos de várias revistas corporativas: Hospedagem Brasil (para a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Rumos Práticos (para o Conapra – Conselho Nacional de Praticagem), Paissandu Notícias (para o Paissandu Atlético Clube – RJ), Biólogos (para o CRBio-02 – Conselho Regional de Biologia), Revista da Casa de Eapaña (Órgão de divulgação da cultura espanhola no Rio de Janeiro), e Revista do Clube Naval (Para o Clube Naval do Rio de Janeiro).  

• Autor de três livros de cartuns: 
A fábrica e o povo (Massao Ohno – Ricardo Redisch Editores), com cartuns que ilustram um texto de Eça de Queirós.
Viagem de volta, (Repro–SP), com desenhos surrealistas de aviões inspirados nos Beatles, e poemas de Nei Leandro de Castro inspirados nos desenhos e nos Beatles.
Anedotas populares (Editora Taurus), com cartuns em forma de quadrinhos sobre anedotas contadas pelo povo.

• Contato com Sendino, através do e-mail:

sendino.claudio@gmail.com