Você crê em Deus?
Antes de responder simploriamente sim ou não a esta pergunta, faz-se necessária uma profunda reflexão.
Falar em Deus remete à religiosidade. Todas as religiões adotam o princípio de que Deus é amor, entretanto os seus fiéis interpretam tal princípio de várias maneiras. Uns vivem anunciando aos quatro ventos que Deus é o Senhor e o nosso Rei. Outros imaginam que Deus seja um ser repleto de luz, um grande espírito, o Mestre de todos os mestres, possuidor de tamanha sabedoria, que foi capaz de criar o Universo em sete dias. Merece, portanto, ser adorado e venerado por toda a humanidade. Outros ainda acreditam que Deus castiga quem o desobedece, perdoa os que se arrependem, e recompensa quem o agrada; inclusive ofertando automóveis, se levarmos em conta os inúmeros adesivos que colam em veículos.
Mas é óbvio que as religiões não afirmam que Deus faça nada disso, pois castigar desobedientes e recompensar bajuladores é próprio dos tiranos. Tampouco é admissível que Deus queira ser Rei, e deseje ter súditos. Muito menos ser chamado de Senhor, afirmando sua autoridade, como um ser humano qualquer. E certamente Deus é indiferente a ser adorado ou não, pois a vaidade também pertence aos humanos, assim como ser sábio, bondoso ou fiel.
Os conceitos e qualidades que os religiosos atribuem a Deus são sempre inerentes aos seres humanos. Essa constante humanização pode ser constatada na imagem do austero rei de cabelos brancos e longa barba, sentado num trono de nuvens, que representou Deus durante séculos.
Há porém os que não conseguem imaginar Deus como o Senhor, como um rei autoritário e castigador, ou mesmo como uma entidade de luz. São os que consideram Deus a energia que move todo o Universo, ou seja, a Natureza.
Pode-se afirmar, sem erro, que as suas leis eternas e imutáveis regem todas as coisas e seres, num processo automático e contínuo, através dos tempos.
Falamos assim do mesmo Deus, mas sem o mito religioso. Os pronomes e artigos que o designam são escritos com minúsculas, pois a Natureza não precisa ser adorada. Ela simplesmente ignora se a veneramos ou não, porque suas leis sempre foram e sempre serão cumpridas, em qualquer circunstância. Quem agir em desarmonia com elas, provoca em si mesmo o “castigo”, isso é, aquilo que está fazendo sai errado. Mas quem agir em harmonia com as leis de Deus, automaticamente será “recompensado”, isso é, aquilo que faz dá certo. Quem, ao ver o erro que cometeu, se arrepende sinceramente, o “perdão” de Deus será livrar-se da culpa, permitindo que dali em diante concentre toda a energia em reparar o erro e agir de modo certo, reativando amizades e abrindo novamente o seu caminho.
Os que veem Deus dessa forma, podem afirmar verdadeiramente que ele está em toda parte, pois a matéria do Universo é energia condensada, formando os átomos e moléculas. A mesma energia que circula por nossos cérebros, dando-nos a sensação da individualidade. Portanto, é certo que somos parte de Deus, e nos movimentamos através das suas leis, que não dependem de religião alguma, de nenhuma oração, promessa ou magia, para que se cumpram.
Nesse caso, fazer uma prece a Deus pedindo a sua ajuda, é estabelecer contato consciente com essa energia cósmica, assumindo uma postura humilde diante do fantástico e constante movimento do Universo, do qual somos uma partícula infinitesimal. É aceitar a nossa pequenez, é reconhecer a limitação do conhecimento humano.
O conhecimento das leis de Deus, que são as leis naturais, é cobiçado desde o momento em que o primeiro ser humano olhou para o céu e percebeu as estrelas. É perseguido, tanto pela Ciência quanto pela Religião, ambas pressupondo, cada uma a seu modo, um profundo conhecimento.
Porém, se atentarmos bem, veremos que em toda a existência humana, o tanto que aprendemos é ainda muito pouco.
No século XVII, Newton enunciou três leis naturais que pareciam dar ao ser humano um grande domínio da Natureza. No entanto, a Ciência não para de evoluir, e postulados tidos como intocáveis numa época, em outra podem ser superados. Um exemplo foi a constatação feita por Einstein de que a menor distância entre dois pontos, nem sempre é – como parecia óbvio – a linha reta.
Isso mostra que o ser humano somente conseguiu dominar parte das leis da Natureza, nunca as conheceu inteiramente. Ainda que esse limitado conhecimento o tenha possibilitado realizar as maravilhas tecnológicas atuais, como o computador e os celulares.
Se na Idade Média tentássemos descrever o telefone celular, por exemplo, certamente seríamos tachados de bruxos. E quem sabe, daqui a 500 anos, tudo isso seja tão rudimentar quanto agora são as “trapizongas” produzidas naquela época? O que torna perfeitamente aceitável supor que, no futuro, a Ciência chegará a manipular fenômenos que atualmente não consegue explicar, como os paranormais e mediúnicos. Ou milagres, como os religiosos costumam chamar.
O estudo científico dos conhecimentos espirituais sempre foi cerceado pelos donos do poder, que até hoje só financiam experiências científicas que lhes traga lucro, e se possível, imediato. Por isso, todo o progresso tecnológico, através dos séculos, foi dirigido praticamente para duas finalidades: ampliar o poder bélico e alimentar o consumismo. Até mesmo a Medicina teve, e ainda tem, o seu avanço atrelado ao interesse lucrativo da indústria.
Contudo, a evolução da Quântica permitiu à Ciência superar alguns postulados da Física tradicional, e, embora a passos lentos, novas leis da Natureza, que atuam nos pensamentos e emoções, vêm sendo cientificamente estudadas. Já é bastante sabido, por exemplo, que emoções e pensamentos influem diretamente na formação das células de todo o corpo. Com isso, é possível vislumbrar a cura de doenças através da telepatia e de outras formas de vibração mental que, em algumas religiões, sempre foi prática rotineira, embora, até hoje, sem o aval da Ciência. Mas chegará o dia em que a explicação de tais fenômenos engrossarão as páginas dos livros científicos, o que certamente representará um grande progresso humano.
A busca incansável do ser humano pelo domínio da Natureza, inclui também a tentativa de explicar a formação do Universo. Novamente, Ciência e Religião seguem caminhos praticamente opostos.
Como tudo começou? As explicações religiosas são quase todas baseadas nos antigos mitos nascidos na Pré-História e na Idade Antiga. Pouco foi acrescentado. No mundo científico, a teoria mais aceita, a do Big Bang, diz em síntese que o Universo se formou a partir de uma grande explosão. É baseada na constatação de que as galáxias estão constantemente se afastando umas das outras, em consequência da explosão no início dos tempos, quando todas formavam um único ponto.
No entanto, sabemos que todo efeito possui a sua causa. Esse ponto inicial teria, portanto, que ser constituído ao menos de um átomo, para ser possível a explosão, já que o nada é incapaz de explodir.
Mas como se originou esse primeiro átomo? De onde teria surgido?
A tais perguntas, simples e diretas, apesar das várias teorias que tentam formular respostas, o conhecimento humano ainda não conseguiu esclarecer definitivamente.
Então, devolvo a pergunta: – Você crê em Deus?
Mande sua opinião,
ela será muito bem-vinda.
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sendino.claudio@gmail.com