Por volta do ano de 1600, as primeiras leis da Física começaram a ser descobertas e comprovadas. Com a manipulação dessas leis, a humanidade conseguiu produzir, nesses últimos séculos, verdadeiras maravilhas, como os computadores, cada vez mais sofisticados, veículos espaciais de todo tipo, robôs que executam tarefas com precisão micrométrica, celulares que possuem mil funções –, que deixariam perplexo qualquer cientista da antiguidade.
Tamanho progresso poderia ter elevado a um alto patamar a qualidade de vida de toda a humanidade. Mas os benefícios conquistados pelas populações do planeta nem de longe são compatíveis com esse grande desenvolvimento. Infelizmente, o resultado das invenções e descobertas atendem quase que somente à cobiça dos detentores do poder. Até mesmo o avanço da Medicina segue o caminho determinado pelos interesses da indústria farmacêutica.
Essa grande incoerência esteve sempre presente no desenvolvimento do mundo e por isso os seres humanos vão ficando cada vez mais competitivos. Competem por tudo: por um cargo melhor no trabalho, por ascensão social, pela conquista dos bens de consumo, por riqueza e poder.
A competição é considerada por alguns filósofos como a natural consequência da agressividade humana, herdada geneticamente do Homo Sapiens, que por sua vez a herdou de seu antecessor. Hoje em dia a competição é exaltada como uma qualidade positiva, na indústria, no comércio, e até na educação das crianças e jovens. É constantemente estimulada por pais e professores, que parecem não enxergar que ela seja a causadora de diversas formas de violência, de guerras entre indivíduos e entre nações. E que o seu estímulo prolongado tenha como consequência lógica, cedo ou tarde, o auto extermínio da espécie humana.
Na competição permanente entre os indivíduos, as emoções e pensamentos comandam todas as ações. Essa competição, que se passa nos pensamentos, é tão intensa quanto as disputas na vida externa, porque uma é o reflexo da outra. E se considerarmos que pensamentos e emoções são transmissíveis entre cérebros, os pensamentos dirigidos a qualquer pessoa poderão gerar outros de retorno, numa troca invisível de forças mentais.
Há razões para supor que realmente isso acontece. Segundo a moderna Física Quântica, “o micro mundo é não-local”. Significa que, quando duas partículas correlacionadas se separam, ainda que entre as duas exista uma imensa distância, qualquer experimento realizado numa delas repercute instantaneamente na outra.
Esse fenômeno permite admitir que, se um cérebro enviar energia de pensamento a outro cérebro, este reagirá, devolvendo uma energia igual e contrária, de forma semelhante ao enunciado da terceira lei de Newton (A toda ação corresponde uma reação contrária e de igual intensidade.), mas agora extensiva aos pensamentos e emoções.
A troca de energia mental acontece a todo momento. Já dizia o velho e popular Profeta Gentileza, que “Gentileza gera gentileza”, parodiando o conhecido ditado “Violência gera violência.”
Ambas as frases estão absolutamente corretas.
É fácil constatar, por exemplo, numa roda de conversa, que se alguém conta uma notícia de um crime, daí em diante o assunto tende a girar em torno de crimes. Os pensamentos do grupo, sintonizados nesse tema, levam cada um a procurar na memória outro crime para contar. É possível que depois de algum tempo, alguém perceba que o ambiente está “pesado” e proponha mudar de assunto.
Por essa razão, a grande cobertura dada aos crimes e tragédias nos noticiários da mídia é fonte geradora de violência. Ainda mais quando estendem as reportagens por dias ou semanas, explorando as cenas dramáticas e os sentimentos de revolta e ódio dos envolvidos nas tragédias. A imprensa é incapaz de reconhecer esse fato, alegando que apenas cumpre o seu dever de informar, porém as leis naturais não levam em conta as razões motivadas por meros interesses humanos.
Notícias de assassinatos e outros crimes, que arrecadam altos índices de audiência, enchem o público de ódio e indignação, seja pela violência das imagens transmitidas, seja pela injustiça ou impunidade. E indignação nada mais é do que emoção e pensamento, gerando uma energia de igual teor, extremamente negativa, que contamina simultaneamente multidões de leitores ou telespectadores.
Algumas pessoas são mais receptivas, outras menos. Umas são verdadeiras “esponjas” emocionais, abatendo-se com qualquer pensamento negativo e reagindo, conforme o caso, com ódio e revolta. Outras, protegem-se com o escudo da indiferença, que lhes torna quase imunes aos ataques emocionais externos.
Por outro lado, hoje em dia há dados médicos comprovados, suficientes para se afirmar que as emoções positivas de fraternidade e afeição potencializam a saúde, enquanto as emoções negativas de ódio, medo, revolta etc., tendem a comprometê-la. Pensamentos e emoções atuam diretamente em nosso organismo, podendo baixar a imunidade e provocar doenças, como também curá-las. Ativam ou inibem as glândulas que produzem substâncias nocivas ou benéficas para as células, em todos os órgãos do corpo.
Há também, de forma muito mais poderosa, o pensamento coletivo, que pode ser gerado somente por um grupo, ou mesmo por toda uma nação.
A maior evidência desse pensamento coletivo está nos países já agredidos ou escravizados por outros, e que por isso cultivam o sentimento de vingança em todo o povo. Por vezes, séculos depois, com a política mundial completamente mudada, seus indivíduos conservam ainda o ódio enraizado nas mentes, cuja vibração os impele à prática de atos terroristas contra o antigo inimigo. Para justificar esses atos, buscam amparo até mesmo em suas crenças religiosas, totalmente deturpadas pelos sentimentos de revolta.
Conhecemos no mundo países nessa situação, e seus líderes, apesar de externarem um desejo de paz, por baixo do pano permitem e até estimulam a formação de grupos extremistas que põem em prática o desejo coletivo de vingança.
Apesar de entidades mediadoras, muitas vezes conseguirem evitar o confronto bélico, tais nações estão continuamente em guerra mental. Essa troca de energias negativas, nenhuma filosofia ou religião, jamais conseguiu evitar.
No entanto, todos vivem apregoando a paz.
Países conflitantes tentam alcançá-la por meio de acordos e tratados diplomáticos, e até fortalecendo seus arsenais bélicos, para assim, em igualdade de condições com os outros, poder dissuadi-los.
A paz conseguida por esses meios será sempre momentânea. A competição desenfreada e ininterrupta em que vivem, fará aparecer outros impasses, acirrando novamente os confrontos. Por isso, infelizmente não há exemplos de nações que cultivem a plena amizade, trocando pensamentos e emoções afetuosos e desejos de felicidade mútua.
Para que a paz seja verdadeiramente alcançada, é necessário que se leve em conta o real significado de “Amai-vos uns aos outros”, que certamente não é o de sair por aí amando afoitamente a todos. Significa sim, que os seres humanos precisam se conscientizar – não apenas em teoria –, que são parte da Natureza, e todos pertencem à mesma raça. Devem, portanto, pensar e agir coletivamente, concentrados não apenas no seu próprio bem-estar, mas no de toda a espécie.
Isso nada mais é do que adotar um sistema de vida em colaboração, em vez da vida em competição, como sempre existiu.
Tal estágio evolutivo ainda não foi atingido, sobretudo porque a grande maioria das pessoas desconhece que suas emoções e pensamentos emitem energia, como também a capta dos pensamentos dos outros, pois toda energia é regida pela lei natural de causa e efeito, ou de ação e reação.
Enquanto os sentimentos e pensamentos competitivos e agressivos incentivam a violência e as guerras, os altruístas e fraternos, não só fazem bem a quem os têm e aos que estão próximos, como, emitidos coletivamente, são capazes de promover a tão sonhada paz.
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