Translate

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

• ARTIGO • O bem e o mal



• O bem e o mal

Serão esses grandes rivais apenas um mito religioso, como muitos acham? Ou a eterna luta interior, que determina a evolução das sociedades humanas? A existência ou não do bem e do mal é uma discussão interminável, meramente teórica. 
O fato é que ninguém tem dúvida de que, se uma pessoa propositalmente colocar o pé na frente da outra, fazendo-a tropeçar e cair, estará agindo com maldade. Mesmo que seja uma criança. E a maldade será bem mais grave, se essa mesma atitude acontecer em nível mental, fazendo o outro tropeçar para então conseguir o seu lugar, ou simplesmente para levar vantagem. Esse procedimento é explicitamente considerado do mal, ainda que praticado às escondidas por muita gente.
Quando uma criança ajuda a outra a se levantar, quando compartilha com ela o seu brinquedo, ou quando um adulto é solidário com outro, é voz corrente que praticaram o bem. Inclusive por muitos que negam a sua existência.
O bem leva à felicidade, ao estado de espírito elevado, à sensação de bem-estar, ao sentimento de amor. Em última análise, ao progresso da humanidade. O mal remete ao ódio, à inveja, à ganância, ao desprezo pelo próximo. Empurra a humanidade para a autodestruição.
No decorrer da vida, os seres humanos alternam atitudes do bem e do mal, mas sempre um dos lados é predominante nos pensamentos e ações de cada um. É a soma do bem e do mal praticado por toda a população, em todos os níveis e atividades, nos quatro cantos do mundo, que determina o caminho da evolução humana. Nessa contabilidade, é certo que algumas atitudes têm o peso muito maior do que outras. O dirigente de um país, com poder de decisão sobre o destino de todo um povo, terá uma responsabilidade infinitamente maior que os demais, pois o peso de suas decisões é enorme. Pessoas assim podem mudar o destino humano, tanto para o bem, promovendo o progresso social, quanto para o mal, para a destruição da espécie. 
Observa-se aí uma questão interessante: as pessoas que adquirem tal poder, foram nascidas entre o povo, muitos deles em berço humilde. Ao se tornarem poderosas, o mal e o bem que possuem em seus corações, ou em suas mentes, já terá sido bastante influenciado durante toda a infância e juventude, pelos pais e professores. 
É verdade que se traz de nascença uma índole boa ou má, determinada pelo DNA, porém a educação pode modificá-la. Conforme a qualidade da educação ministrada, é possível estimular a índole boa de uma pessoa, dando-lhe autoconfiança para continuar na trilha do bem, em todas as tarefas que exercer na vida. No caso contrário, de uma pessoa com índole má, é possível, com uma boa educação, amenizar ou até modificar a sua índole, ministrando conhecimentos sobre fraternidade e amor ao próximo. Esses conhecimentos espirituais, extremamente necessários à sobrevivência do ser humano, não são transmitidos com a ênfase que merecem, tanto pelos pais quanto pelos professores, durante todo o aprendizado escolar. 
Na realidade, a educação trabalha prioritariamente no sentido oposto. Uma frase que li por acaso, dizia que “a educação no mundo é dirigida exclusivamente para a competência, não para a fraternidade.” Essa frase resume tudo.
De fato, os pais educam os filhos para que estudem e se tornem competentes e “vencedores”, competindo com os colegas para “serem um alguém na vida”.  
Também nas escolas, em todos os níveis, o principal objetivo é formar alunos competentes e “bem-sucedidos” nas suas futuras profissões. Sucesso financeiro, acima de tudo.
São muito raros os pais e professores que educam predominantemente para a fraternidade, para o respeito ao próximo e para a honestidade a qualquer custo. Muito poucos se orgulham do filho por vê-lo praticar o bem, por se tornar fraterno, solidário e altruísta. O comum é ver-se os pais orgulhosos das conquistas materiais dos filhos, principalmente quando conseguem uma boa situação financeira. 
A vida competitiva e agressiva das sociedades só recompensa a competência. E nem sempre a competência aliada à honestidade, pois os corruptos competentes são também premiados, desde que saibam esconder embaixo de ricos tapetes, suas falcatruas. Nesse sentido houve no ensino grande progresso, formando advogados extremamente habilidosos – e competentes – que executam com perfeição esse trabalho.
A competência produz uma enorme e contínua evolução tecnológica no mundo, como uma gigantesca bola de neve, que vai robotizando todas as atividades humanas, a serviço exclusivo do egoísmo, ou seja, a serviço do mal. Nesse processo, o espaço para a fraternidade e a cooperação desinteressada entre os indivíduos é cada vez menor.
Exemplos do mal vão tornando a desonestidade fato corriqueiro, e os grandes setores produtivos – a indústria e o comércio –, acham-se eficazes por serem cada vez mais competitivos. No jogo dessa competição, consideram todos meros consumidores, sendo lícito enganá-los, impondo-lhes, através da mídia, modismos e hábitos desnecessários, para convencê-los a consumir de tudo, inclusive o que não precisam e até o que lhes é nocivo. Despertam, com mensagens publicitárias cativantes, a inveja e a cobiça, enquanto lhes tira o dinheiro aos poucos, em suaves prestações, e enriquecem cada vez mais. É a prática do mal, em todo o seu esplendor.
Os veículos de comunicação elaboram sua linguagem e programação, orientados por pesquisas que determinam as preferências do público. E o púbico só deseja aquilo que lhe é ofertado maciçamente: sexo e violência. Assim, a programação e os destaques jornalísticos giram em torno de tragédias e crimes, apontados nas pesquisas como a preferência do público. Um círculo vicioso do mal, de uma imprensa que visa exclusivamente o lucro financeiro, e que se esquiva da responsabilidade na formação moral do público que assiste seus programas.
     Todos sabem que as notícias do bem causam bem-estar nas mentes e incentivam a prática do bem, enquanto notícias de violência estimulam as mentes violentas, produzindo o mal. Sabe-se disso, e mesmo assim o mal é estimulado pela imprensa continuamente.
      Por outro lado, ocultamente, muitas coisas boas vão acontecendo. Aqui vão três exemplos: um médico brasileiro que conseguiu frear e reverter a doença de Alzheimer em um paciente de 77 anos; um dono de lojas que deu abrigo a 400 vítimas de enchente, usando os móveis do mostruário de sua loja; dezenas de pessoas, com água quase até o pescoço, deram-se as mãos e formaram uma corda humana para resgatar um idoso que estava sendo levado pela correnteza, durante a mesma enchente, nos EUA.
 Esses três fatos do bem encontram-se entre inúmeros outros, com os devidos detalhes e fotos, no site www.sonoticiaboa.com.br. Um site que honra a nossa mídia.
Notícias assim seriam normalmente destaques nos telejornais de todas as emissoras, caso fosse outra a orientação no ensino, do primário ao universitário, ensinando a competência, porém submissa à fraternidade e ao respeito, e conscientizando os alunos da responsabilidade que todos possuímos em relação à humanidade e ao mundo. Uma educação dessa natureza os estimularia a trocar a meta de serem vencedores a qualquer custo, pela de se tornarem pessoas fraternas e altruístas. 
Na atividade política, onde é rotina derrubarem-se uns aos outros na corrida pelo poder, a lei do “toma-lá-dá-cá”, que funciona à base de propinas, é praticamente obrigatória. E como o exemplo é a forma mais eficaz de educar o povo, ao banalizarem dessa maneira a desonestidade, estão aguçando o egoísmo e a ganância de quem já possui tendências natas para o mal. Por essa razão, na política é praticamente inexistente o bem, imprescindível para o progresso, pois ele se alimenta da honestidade, da fraternidade e da cooperação mútua.
Assim caminha a humanidade, mas o lugar para onde caminha não parece nada auspicioso...


sendino.claudio@gmail.com


2 comentários:

  1. Sendino querido,brilhante o seu texto, o raciocínio, o conteúdo. É exatamente isto. Nosso modelo de ensino, desde sempre, tem a preocupação de formar "competências" para que se ganhe dinheiro, que se tenha sucesso, entendendo sucesso como forma de conquista material. Ética, respeito, fraternidade, solidariedade, enfim, os Valores consagrados lá desde a Grécia Antiga, não valem nada. Parabéns.
    ResponderExcluir
  2. A expectativa da mudança que sempre vem, talvez seja a maior que já senti e a maior que já pude perceber num coletivo, dessa vez, planetário. É um ciclo, uma fase, uma "época", mas que está duríssimo de passar, ah, isso está!

• HISTÓRIAS DAS COISAS – 25 • A vida é breve




GRANDES EVENTOS

• História 13
A vida é breve
(Continuação de Salvou-se o mundo – publicado em julho de 2017)


Tudo caminhava às mil maravilhas no Torneio das Tirinhas, quando aconteceu o trágico imprevisto. Durante uma apresentação, ao fazer o movimento de cortar o queijo, a faquinha azul partiu-se, separando a lâmina do cabo. Tentaram recuperá-la de todas as maneiras. A equipe de socorro chegou a encaixar novamente a lâmina, mas ao fazer o primeiro movimento ela se soltou novamente. E a faquinha Fininha esvaiu seu derradeiro momento. Estava morta.
Não há como descrever as consequências. O Diretor da companhia, que sempre reagia a tudo friamente, levou as mãos à testa, visivelmente comovido. Os facões ficaram completamente transtornados e a faquinha Azul, prima da Fininha, só fazia chorar e chorar continuamente. O mundo parecia ter desabado.
Abaladíssimo, o Diretor permanecia com as mãos na testa, lembrando-se da Fininha, do seu amor aos companheiros e da sua dedicação ao trabalho. Lembrou-se do retorno dos facões Rebite Prata e Dourado aos torneios, anunciado somente na véspera do primeiro espetáculo, e que mesmo assim lotou todas as dependências do estádio. 
Foi uma estreia brilhante, e desde lá a equipe passou a viver num clima de alegria constante; sucederam os recordes, ora de um ora de outro. Primeiro, a marca do Prata – 22 tirinhas, foi superada pela faquinha Azul, com 23 tirinhas; em seguida, pelo Dourado, com 24; finalmente, pela Fininha, com 25 tirinhas, e logo após, 28 – nada menos do que o recorde mundial! 
Lembrou o Diretor o quanto estava radiante desde aquele recorde, que serviu para dissipar de vez um resquício de desconfiança pela Fininha, que trazia de tempos idos. Naquele dia reconheceu finalmente o grande talento e capacidade de trabalho da delicada faquinha, e previu para ela um futuro mais do que brilhante. Fininha estava se tornando um verdadeiro fenômeno da arena; sua técnica em pouco tempo iria superar a dos seus mestres. E agora, vendo o seu fim, precisava fazer grande esforço para conter as lágrimas... O que jamais acontecera, desde a sua infância.
O Diretor pediu a todos, especialmente à faquinha Azul, que o aconselhasse sugerindo alguma medida a ser tomada, pois se encontrava muito abalado e sem condições de pensar, “pela primeira vez na vida” – confessou. Mas não havia o que fazer, todos reconheceram. A faquinha Fininha era insubstituível.
Fininha começou sua carreira de modo inverso ao de seus companheiros. Era a época em que se iniciavam as atividades de um novo torneio, o Torneios Uno, usando uma modalidade diferente de tirinhas. Como a ideia inicial da nova modalidade e do nome Uno partiu da faquinha Azul, os dirigentes pretenderam contratá-la como protagonista; mas ela não pôde aceitar por já atuar no Torneio de Tirinhas, principal evento do Café da Manhã. Azul então resolveu indicar sua prima, a faquinha Fininha, pois ela sempre sonhara em atuar no corte de tirinhas, mas nunca havia sequer feito um teste. Seria para ela a oportunidade ideal. Os dirigentes prontamente acataram a indicação da Azul e contrataram Fininha para protagonizar o novo Torneios Uno, devendo estrear imediatamente. 
Fininha adorou a ajuda da prima e dedicou-se com muita vontade, mas do jeito que pôde: sem preparo, sem técnica alguma, treinou em casa, orientada pela prima, durante os poucos dias que lhe restavam antes da estreia. 
Felizmente, pouca gente foi assisti-la na estreia do Torneios Uno. Assim, nos primeiros dias, Fininha teve liberdade para se adaptar ao jeito de cortar o pão e desempenhar as outras tarefas. Começou atuando de modo estabanado, tanto ao colocar o queijo quanto ao cortar o pão. A organização interna também era precária, por isso às vezes chagavam dois queijos, um branco e outro amarelo, e ela se atrapalhava mais ainda com a arrumação dos dois, arrancando risos da pequena plateia, que dia a dia aumentava. Sua fama de estabanada foi-se espalhando. Ela acabou atraindo para o novo torneio, um público bem definido, onde predominavam jovens. 
Os adolescentes se divertiam com o “estilo” de Fininha atuar. Por ela ser ao mesmo tempo muito bonita e atraente, todos queriam ver aquela linda faquinha fazendo uma verdadeira confusão para conseguir cobrir o pão e depois cortá-lo em tirinhas, esbanjando charme, mas aos tropeções, reclamando o tempo inteiro da má organização. 
Essa fase durou até o dia em que o Torneio de Tirinhas comprou o Torneios Uno, promovendo a unificação dos dois, com a promessa de elevar o nível técnico e artístico dos espetáculos Uno ­– até então indicados só para adolescentes.
Com isso, Fininha julgava sua curta carreira encerrada. Foi quando a prima Azul a convidou para fazer parte da equipe unificada, juntando-se a ela e aos facões. Fininha exultou de alegria. Agradecida, dedicou-se de corpo e alma às aulas do facão Rebite Prata, designado para treiná-la até que tivesse condições técnicas de atuar. Seu talento nato revelou-se nessa hora, pois ela aprendeu tudo com uma rapidez tão grande que deixou o mestre impressionado. 
Em sua primeira apresentação no Torneio de Tirinhas, o público esperava vê-la repetindo as confusões costumeiras que fazia no Torneios Uno, e preparou-se para assistir a uma comédia. Mas a atuação da Fininha foi impecável, conseguindo reverter a expectativa do público e até arrancar aplausos.
Daí em diante, pouco a pouco e com grandes atuações, transformou-se numa figura admirada e até idolatrada por grande parte do público. Fininha atuava nos dois torneios, desempenhando sua função com total dedicação e muita técnica, aperfeiçoada a cada apresentação. Seu recorde de 28 tirinhas foi por todos considerado insuperável.
Essa era Fininha. No auge de sua técnica, em pleno apogeu, eis que chega o momento de ir-se embora... De repente. Como de repente foi sua ascensão. 
Na carreira de Fininha, tudo foi breve. Até a sua vida.

sendino.claudio@gmail.com

HUMOR COM CARTUM • Dentistas em foco

Cartuns publicados no Informativo do CFO – Conselho Federal de Odontologia.

• Primeiro Censo dentário: 

• Segundo Censo dentário: 

• Economia de energia elétrica no consultório: 

• Força política para o CFO:


• SENDINO • Currículo informal

SENDINO
(Claudio Fabiano de Barros Sendin)

• Diretor de arte publicitário, trabalhou nas principais agências do Rio de Janeiro, de São Paulo, e num estúdio gráfico em Barcelona. 
     Nessa fase criou campanhas para a Volkswagen, Vasp, Gillette, Coca-Cola, Banco do Brasil, Cepacol, Bradesco Seguros, Prefeitura do Rio de Janeiro, Petrobras, e outros importantes clientes. Algumas dessas campanhas receberam ouro, prata e bronze, no Prêmio Colunistas.

• Cartunista publicitário, criou personagens bem-sucedidos para publicidade, como Bond Boca, da Cepacol, em parceria com o redator Alexandre Machado, e o Bocão, da Fleischmann Royal, em parceria com a equipe de marketing da Norton. Criou todos os cartuns da campanha Minimania, para a Coca-Cola e Bob’s.

• Cartunista editorial, criou para a revista Domingo (do antigo Jornal do Brasil) muitas ilustrações para matérias variadas e a capa para uma edição sobre mergulhadores na baía de Guanabara. Para a revista Veja Rio, criou 16 capas, muitas ilustrações de matérias, e ilustrou com charges as crônicas do crítico musical Sérgio Cabral, durante mais de cinco anos. Para o jornal O Globo, criou muitas capas para os cadernos “Vestibular”. 

• Diretor de arte editorial, fez os projetos gráficos de várias revistas corporativas: Hospedagem Brasil (para a Associação Brasileira da Indústria de Hoteis), Rumos Práticos (para o Conapra – Conselho Nacional de Praticagem), Paissandu Notícias (para o Paissandu Atlético Clube – RJ), Biólogos (para o CRBio-02 – Conselho Nacional de Biologia), Revista da Casa de Eapaña (do Rio de Janeiro), e Revista do Clube Naval.  

• Livros publicados
A fábrica e o povo (Massao Ohno – Ricardo Redisch Editores), com cartuns que ilustram um texto de Eça de Queirós.
Viagem de volta, (Repro–SP), com desenhos surrealistas de aviões inspirados nos Beatles, e poemas de Nei Leandro de Castro inspirados nos desenhos.

Anedotas populares (Editora Taurus), com cartuns em forma de quadrinhos, sobre anedotas contadas pelo povo.

sendino.claudio@gmail.com