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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

• ARTIGO • A Grande Revolução



A GRANDE REVOLUÇÃO

Desde que um macaco, num estalo, teve o seu primeiro raciocínio, muitas revoluções aconteceram no transcorrer da História humana. Revoluções culturais, industriais, e principalmente políticas, essas fomentadas por líderes que prometeram uma vida melhor para o povo. A maior delas, no entanto, a Grande Revolução, está se formando, vagarosamente, e não será como as anteriores, impostas de fora para dentro. Nenhum governo será deposto, não haverá grandes mudanças nos costumes, não afetará a cultura nem a estrutura política ou econômica do país. Será uma revolução interna, espiritual. Atuará, sobretudo, na transformação dos pensamentos e dos sentimentos.
A humanidade está cansada de mudanças de regimes políticos, impostos por  fanáticos “fascistas” de direita ou “progressistas” de esquerda, que conquistam os trabalhadores com promessas de igualdade de classes e de grandes projetos sociais, dizem-se humanistas, mas disseminam ódio e fuzilam os dissidentes. Quando assumem o poder, seus líderes sentam-se num trono de ouro, e com mãos de ferro controlam o povo, retirando as economias e a liberdade dos que os apoiaram e os elegeram, deixando apenas o mínimo para não morrerem de fome, e ainda os obrigam a agradecer pela mísera vida que levam e a idolatrar o regime que os escraviza. Assim foram as revoluções políticas nos últimos milênios da História humana.
Mas a Grande Revolução, em vez de ódio, dissemina amor. Ela vem acontecendo através dos tempos, sorrateira, por baixo do pano dos poderosos, esgueirando-se por entre as brechas da maldade humana, por trás da viciada cultura acadêmica, da arte depravada e do ensino imoral. Não atende a nenhuma teoria filosófica, política ou religiosa, daquelas que se aprende intelectualmente e que só servem para demonstrar cultura, mais a serviço do egoísmo do que do altruísmo. Mas conhece a essência de todas elas.
Está em completo desacordo com a “nova ordem mundial”, com todos os regimes políticos, mas não os contesta, pois é como água, que desliza por entre as pedras e os espinhos da vida, penetra as almas dos seres humanos, fazendo germinar o amor, tornando-os altruístas, fraternos e colaboradores, ainda que em meio à vida louca das sociedades. E ensina que o importante é ter plena consciência do que se está pensando a cada momento e de como se está agindo com os semelhantes.  
A Grande Revolução acontece internamente, em meio a todos os regimes políticos, a todas as religiões, e faz ver claramente que os regimes devem permanecer como estão, os países comunistas continuando comunistas e os capitalistas sendo capitalistas. Mudanças de sistemas e regimes políticos só causam sofrimento ao povo e de nada adiantam, pois as pessoas de caráter dominador e explorador serão sempre as mesmas, dominadoras e exploradoras do próximo; as que têm preconceitos serão sempre preconceituosas; assim como as desonestas sempre agirão com desonestidade, sejam quais forem as leis do país. Nenhum regime político, nenhuma lei, nenhuma proibição, enfim, é capaz de pôr fim aos preconceitos, à exploração ou à desonestidade. As pessoas agem impulsionadas por suas emoções. Os seres humanos não são animais racionais, e sim emocionais. Usam de seus intelectos para racionalizar e justificar seus impulsos emocionais, estes sim, que os levam a agir. Quanto mais conhecimentos adquirem ao longo do tempo, mais facilmente são capazes de justificar suas atitudes emocionais, quase sempre egoístas e por vezes insanas.
Somente uma revolução interna, atuando diretamente nos sentimentos e não através de teorias, manifestos, postulados ou leis, poderá ter êxito em tornar as pessoas mais amorosas e fraternas, acabar com os preconceitos e a exploração, e fazê-las experimentar a alegria de serem honestas. Só então a igualdade de classes sociais será possível, pois todos enxergarão o próximo como um igual, seja rico ou pobre, viva aonde viver. Poderá ajudá-lo no que for possível, ou quem sabe merecer sua ajuda, se for o caso. 
Numa sociedade assim, não existirá luta de classes, pois a colaboração entre os seres humanos só produz satisfação. Espontaneamente acabará o consumismo, essa doença que faz cada um querer ostentar mais do que o seu vizinho, e julgar as pessoas pelo que possuem, não pelo que são. Ao se adquirir consciência de que pertencemos todos à mesma raça humana e, consequentemente, de que a vida será muito melhor num ambiente de ajuda mútua, todos desejarão sinceramente o bem de todos.
Só numa sociedade assim a riqueza será bem distribuída, segundo os valores verdadeiros de cada um. Será o fim da concentração de renda nas mãos dos dirigentes, como acontece nos países socialistas e comunistas, ou nas mãos de grandes empresários, como nos países capitalistas. E sempre às custas da pobreza do povo. 
A Grande Revolução vem sempre acontecendo, internamente, e dominará o mundo quando os revolucionários forem a maioria. Eles podem ser reconhecidos por sua lealdade com os amigos, por sua evidente honestidade e pela filantropia que praticam. É claro que muita gente usa a filantropia maldosamente, por interesse, como disfarce de seus atos corruptos. Outros, fazem caridade atendendo a dogmas religiosos. Mas consegue-se identificar os verdadeiros revolucionários, de alma pura, que seguem somente os ditames do coração. É possível reconhecê-los. São pessoas que vivem dispostas a colaborar, que se comovem com o desamparo, inclusive de animais, e com os que sofrem injustiças. Não, movidos por alguma ideologia, religiosa ou política, mas porque simplesmente não conseguem proceder de outra maneira. Seus instintos e seu coração já não suportam ver alguém realmente necessitado e não o ajudar, se estiver ao seu alcance. 
São verdadeiros revolucionários: um atleta bem-sucedido, que banca o desafio médico de operar um deficiente físico, cujos joelhos nasceram com as articulações invertidas; um dentista, cujo cliente não dispunha de dinheiro para a cirurgia, e o opera de graça; um médico, que estipula dias de atendimento gratuito em seu consultório; um grande empresário da área automotiva, que divide parte do lucro de sua empresa com seus operários; um grande corredor de Formula 1, que usa boa parte de sua fortuna para a construção de hospitais; um grande jogador de futebol, que doa grande parte do que recebe, para necessitados; um político, que abre mão de todas as mordomias, doando-as a uma instituição beneficente. Tais exemplos foram baseados em fatos reais, dos quais ouvimos o relato, em várias épocas.
Assim procedem as pessoas que superaram seu egoísmo, por isso não desejam mais se apossar de tudo, já conseguem ver o próximo como um ser humano igual, e já têm como ideal a harmonia e o bem-viver de todas as sociedades humanas. Por isso são, espiritualmente, revolucionários.
Quando se tornam políticos, trabalham em tempo integral a favor do povo, lutando por projetos sociais verdadeiramente úteis, pela melhoria dos serviços públicos, da Saúde e do Ensino, em todos os níveis, e também pela incrementação das relações cooperativas com todos os países, sem discriminação política. E só erguem a bandeira dos Direitos Humanos em nome dos cidadãos e suas famílias, não para proteger assassinos e estupradores, como acontece atualmente. Estão assim expandindo a Grande Revolução humanista e espiritual, nesse ambiente onde imperam o egoísmo e a desonestidade. 

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• HISTÓRIAS DAS COISAS • O Amassamento de Bananas

(Aqui, os personagens são objetos)



O Amassamento de Bananas

Durante a noite, Neninha chegou a sonhar que seria a escolhida. Fazia tempo que ela não conseguia participar; sempre as outras acabavam ficando na sua frente. Mas hoje, Neninha estava certa de que a vez seria sua, pois no seu sonho, o charmoso garfo Renê descia cedinho da gaveta de cima, onde morava, especialmente para buscá-la, oferecendo amavelmente o braço e a levando como seu par ao grande evento do Amassamento de Bananas
Esse é o evento mais importante do Café da Manhã, depois do Torneio de Tirinhas. Boa parte do público que assistiu ao Tirinhas aproveita para dar uma “esticada” ao Amassamento, que fica bem ao lado. 
O Amassamento de Bananas não deveria ser considerado um torneio, pois não há competição nem quebra de recordes. Mesmo assim o público comparece em massa para se deliciar com a habilidade dos garfos amassando as bananas e das colheres pulverizando a farinha. E no final da degustação, dá sua nota ao espetáculo, levando em conta a exibição do casal e também o sabor.
 Os garfos possuem estilos diferentes. Uns preferem o movimento rápido e forte, outros apenas deslizam em passadas suaves e lentas, amassando pequenas quantidades de cada vez. Percorrem depois toda a volta do prato, removendo as bordas da banana para o meio, numa espécie de bailado, que o público sempre aplaude. 
Finalmente entra em cena a colher, buscando no sisudo e mal-humorado Pote de Farinha a mistura de aveia e linhaça, e a espalha sobre a banana já amassada. Nessa etapa, também é muito apreciada pelo público os leves e precisos movimentos da colher, deixando cair a farinha de maneira contínua e uniforme. Já é de praxe, no final, a colher guardar um pouquinho de farinha para devolver ao Pote. Caso não sobre nada para devolver, todos já sabem que ele ficará irritado, não conseguindo se fechar direito, o que atrasa o evento e provoca risos no público. 
Repete-se essa rotina diariamente, o garfo amassando, a colher pulverizando, e o Pote exigindo, sisudo, a sobrinha final.
Nesta manhã, o sonho da colher Neninha foi uma predestinação. Tudo aconteceu exatamente como ela sonhou: o garfo Renê abriu a gaveta onde vivem as colheres, e foi direto convidá-a. Os dois saíram de braços dados, para a rotineira e romântica viagem aérea até a arena, na pia da cozinha. 
Nessas curtas viagens, eles apreciam do alto todo o aposento e têm tempo suficiente para conversar. Neninha lhe contou do seu sonho, e que pela manhã despertou certa de ser a escolhida. Renê achou-a encantadora, sorriu e disse que ela era a colherzinha mais bonita da gaveta. O romance entre os dois só não foi adiante porque logo aterrissaram na arena, onde os aguardavam as duas bananas e o Pote de Farinha, para iniciarem imediatamente as atividades.
A origem dos seus nomes, Neninha e Renê, remonta ao tempo em que os Renegados foram alvo de grande preconceito por parte dos Talheres Nobres. Houve entre os dois grupos, na época, uma disputa terrível e violenta. Com o passar dos anos, porém, os ânimos se acalmaram. Atualmente convivem em paz e se tratam cordialmente. Mas a designação de Renegados permaneceu, e seus nomes são quase todos formados por letras retiradas de “renegado”, como Renê, Nega, Neda, Gadô, e por aí vai.  Até hoje a única função deles é o Amassamento de Bananas, que o tempo transformou numa tradição da qual muito se orgulham. Os Renegados desempenham essa tradicional função com arte, competência e habilidade inigualáveis.
Nesse instante, o casal encontra-se em plena atividade do Amassamento de Bananas, com o público aplaudindo o garfo Nenê, que está num de seus dias inspirados. Após a retirada das cascas da banana, ele alterna os movimentos suaves do amassamento vertical (no sentido da banana), com vigorosas amassadas horizontais, deixando assim a banana totalmente pastosa, quase sem imperfeições. O público delira com a sua técnica impecável. 
É sempre deixada para o final a parte do “umbigo” da banana; ele contém em seu interior um fiapo preto que precisa ser descartado. Separar esse umbigo é uma tarefa difícil, pois a banana faz tudo para impedir. O fiapo preto possui sua “entourage” – pequenas partes da banana, tão fiéis ao umbigo que dão a vida para protegê-lo. É preciso muita habilidade do garfo, cortando em volta da entourage, sem feri-la, para isolar o fiapo preto. Quando consegue pegá-lo inteiro é um sucesso, e o público aplaude demoradamente. O fiapo é então descartado sobre as cascas depositadas na lixeira da arena.
Depois disso, Neninha entra em cena e cumpre seu papel com perfeição: retira a farinha do Pote, e forma com ela um tapete sobre a superfície da banana amassada. Reserva, como sempre faz, um pouquinho de farinha para devolver ao mal-humorado Pote de Farinha, que assim, satisfeito, fecha-se macio, sem reclamar. 
Agradecem os aplausos do público, que já começa a se retirar para assistir a parte final do Torneio das Tirinhas, na Arena do Consumo. Renê e sua parceira Neninha seguem para a segunda etapa do evento, onde Neninha volta a atuar, dessa vez com o Pote de Granola. 
Primeiro Neninha aguarda que o pequenino Pote de Canela cumpra a curta função de pulverizar canela no tapete de farinha, que ela formou sobre a banana amassada. Em seguida busca no Pote de Granola, a quantidade necessária para cobrir todo o conjunto. Os potes de Canela e Granola, ao contrário do de Farinha, são ambos muito simpáticos, permanecendo solícitos e amáveis o tempo que for preciso. 
Logo que termina essa última fase, Neninha corre para a borda do prato, de mãos dadas com Renê. Ficam atentos, para intervir a qualquer momento, caso haja necessidade.
Finalmente, a tabela de avaliação com as notas do público é mostrada no telão. Dessa vez ganham notas altas, sinal de que o público se deliciou com o espetáculo e também com o sabor da mistura. 

Quando termina o consumo, inicia-se nova viagem até a pia, onde os dois serão lavados. Nessa viagem, passam o tempo entrelaçados, amando-se, descompromissados de qualquer obrigação. O idílio amoroso dura até voltarem novamente às suas casas, cada qual na sua gaveta, a espera de uma próxima aventura...


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• HUMOR & CARTUNS • Cartuns de Papai Noel

Cartuns de Papai Noel.
Uma visão pessoal do Papai Noel, e a criação do Cartão de Natal 2008 para 
Trilhas e Rumos, fabricante de mochilas e jaquetas.




• ELES SÃO UNS GATOS! • Tapioca e Miguelito -Fases

Fases da vida do Tapioca e Miguelito. 
Ou: o gatinho que virou gatão.

• TEMAS DIVERSOS • Logo-Cartum Aerobanda


Esta é a marca da Aerobanda, empresa do grande compositor, músico e intérprete, Tavito, autor de muitos sucessos das décadas de 1970/1980, como Casa do Campo, Cravo e Canela e Rua Ramalhete, cuja letra vai a seguir.

RUA RAMALHETE

Sem querer fui me lembrar
De uma rua e seus ramalhetes,
O amor anotado em bilhetes,
Daquelas tardes.

No muro do Sacré-Coeur,
De uniforme e olhar de rapina,
Nossos bailes no clube da esquina,
Quanta saudade!

Muito prazer, vamos dançar
Que eu vou falar no seu ouvido
Coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido,
Vamos deixar tudo rolar;
E o som dos Beatles na vitrola.

Será que algum dia eles vêm aí
Cantar as canções que a gente quer ouvir?

Quando Tavito me pediu que criasse a marca de sua empresa, o nome me sugeriu um logotipo não convencional, gráfico, mas a ilustração de um navio veleiro, que voava em vez de navegar, espalhando música pelo céu.

Assim fiz. Tavito adorou e adotou o veleiro voador como a marca de sua empresa. 


• INFORMAÇÕES PROFISSIONAIS • Sendino

SENDINO
(Claudio Fabiano de Barros Sendin)

• Diretor de arte publicitário, trabalhou em Criação, nas principais agências do Rio de Janeiro, de São Paulo, e num estúdio de publicidade em Barcelona. 
Durante essa fase, participou da criação de campanhas publicitárias para muitas empresas e instituições importantes, entre elas: Volkswagen, Vasp, Gillette, Coca-Cola, Banco do Brasil, Petrobras, Merrel (Cepacol), Fleischmann Royal, Bradesco Seguros, Prefeitura do Rio de Janeiro. 
Algumas dessas campanhas e peças isoladas receberam medalhas de ouro, prata e bronze, no Prêmio Colunistas.

• Cartunista publicitário, criou personagens bem-sucedidos para publicidade, como Bond Boca, da Cepacol, em parceria com o redator Alexandre Machado, e o Bocão, da Fleischmann Royal, em parceria com a equipe de marketing da Norton. Criou todos os cartuns da campanha Minimania, para a Coca-Cola e Bob’s.

• Cartunista editorial, ilustrou muitas matérias na revista Domingo (do antigo Jornal do Brasil), onde criou a capa sobre “mergulhadores procurando barcos naufragados na Baía de Guanabara”. Na revista Veja Rio, criou 16 capas, muitas ilustrações de matérias, e ilustrou com charges as crônicas do crítico musical Sérgio Cabral, durante mais de cinco anos. Para o jornal O Globo, criou muitas capas para os Cadernos Vestibular

• Diretor de arte editorial, fez os projetos gráficos de várias revistas corporativas: Hospedagem Brasil (para a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Rumos Práticos (para o Conapra – Conselho Nacional de Praticagem), Paissandu Notícias (para o Paissandu Atlético Clube – RJ), Biólogos (para o CRBio-02 – Conselho Regional de Biologia), Revista da Casa de Eapaña (Órgão de divulgação da cultura espanhola no Rio de Janeiro), e Revista do Clube Naval (Para o Clube Naval do Rio de Janeiro).  

• Autor de três livros de cartuns: 
A fábrica e o povo (Massao Ohno – Ricardo Redisch Editores), com cartuns que ilustram um texto de Eça de Queirós.
Viagem de volta, (Repro–SP), com desenhos surrealistas de aviões inspirados nos Beatles, e poemas de Nei Leandro de Castro inspirados nos desenhos e nos Beatles.
Anedotas populares (Editora Taurus), com cartuns em forma de quadrinhos sobre anedotas contadas pelo povo.

• Contato com Sendino, através do e-mail:

sendino.claudio@gmail.com